No início do Séc 19, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, filósofo alemão, deu o ponta pé da dialética. Antes, Aristóteles dizia na sua lógica linear: se a tese (A) for verdadeira, a antítese (não A) será, necessariamente, falsa. Mas depois de Hegel aparece a síntese que demove a verdade absoluta. Hoje, a grande maioria só admite a verdade como relativa, e os cinquenta tons de cinza tomaram conta do imaginário coletivo.

Vivemos agora o absolutismo da relatividade. Tudo é relativo. Logo, relativo é o absoluto e não há mais verdade, apenas verdades. Cada um tem a sua verdade. Só que isso não funciona do ponto de vista matemático, uma vez que o quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado dos catetos, em todos os lugares do mundo e para todas as pessoas.

A dialética complicou a razão e deformou as artes. Diante dum quadro do pintor Diogo Velásquez, Pablo Picasso sussurrou: “é impossível evoluir”, então criou o cubismo. E John Cage sentiu-se humilhado pela harmonia de Mozart e fez uma sinfonia do silêncio, onde os ruídos da plateia: tosses, espirros, gemidos, etc, são o conteúdo da peça.

Qualquer borrão vira obra de arte. Qualquer batuque vira um concerto. Qualquer esboço vira poesia. Vivemos a ditadura da subjetividade, onde qualquer um pode definir a sua verdade pessoal e sua arte excêntrica, que logo recebe os aplausos de uma vanguarda cega, surda e sem contestação, como se tudo isso fosse a expressão da cultura universal.

Muitos conhecem a lenda do rei nu. Dois vigaristas se declaravam alfaiates e, com lábia de mascate, se acercaram do rei com uma proposta de vesti-lo com um tecido que só as pessoas puras podiam ver. No dia aprazado os malandros vestiram-no com um manto invisível que somente as pessoas impolutas poderiam apreciar. Então o rei saiu na procissão nu, onde quase todos elogiavam a roupa do rei, pois não queriam ser vistos como indignos e impuros. Mas uma criança, no meio da multidão, gritou: “o rei está nu”!

É assim que vivemos na sociedade do relativismo. Para não sermos vistos como um bando de retrógados, medíocres, conservadores e outros adjetivos pejorativos, temos que elogiar o lixo, aplaudir os espetáculos deprimentes, aprovar o contraditório e dizer que isto tudo é fruto de uma cultura progressista. Porém, como o menino, me recuso a assinar esse papel de estúpido. Prefiro ser considerado reles, nesse quesito, do que cafajeste.

Não há duas verdades sobre o mesmo fato. Pode haver duas interpretações, mas a verdade é única e universal. A lei de Phi (φ) com a sua proporção áurea me faz dizer que o belo também é universal. O que é belo para um é belo para todos. Mas não vou discutir a beleza, pois essa é particular. O que digo é: a lógica não me deixa dizer que o falso é verdadeiro. Termino com um gole de teologia: Jesus é a Verdade e nEle não há especulação, porque, ao se revelar, sempre concorda consigo mesmo, e se você crê, não será confundido.